Florestas e rios: a encantaria amazônica
Quem nos contou essas histórias?
Maria Francisca da Silva
Nascida em terras mato-grossenses, cedo tornou-se rondoniense de vivência e . afeto, passou boa parte da vida de seringal em seringal. Mulher, negra, pobre e analfabeta, lutou para dar aos filhos a educação escolarizada que ela não teve, embora sempre almejasse um 'estudo, visto que, senso comum, somente os diplomados parecem produzir conhecimento. Cortou seringa, coletou castanha, quebrou pedra e presidiu associações. Aposentou-se como trabalhadora rural.
Atualmente, aos 73 anos, conta e reconta suas histórias, orgulhosa, certa de que fez o melhor, nas condições que a vida lhe proporcionou, e buscando, ainda hoje, compreender a formação histórica e cultural da nossa vasta região amazômica.
Maria Grima da Silra Soares
Seringueira de pai e mãe, cresceu no seringal Rio Novo, atualmente Reserva Extrativista Barreiro das Antas. Lá iniciou parte do Ensino Fundamental, até o fechamento da escola. Foi estudar na cidade, mas passava todo o período de recesso escolar no seringal. Já em Guajará-Mirim, cursou Letras/Português e Direito. Teve, durante toda infância e adolescência, uma relação direta com a floresta, vivenciando e reverenciando a atmosfera de encantaria que povoa o. imaginário amazônico.
Embora, hoje, formada e vivendo na cidade, conservá as raízes culturais que constituem sua identidade, evidenciando, em seus relatos, um discurso nostálgico, resultante do forçado deslocamento sociocultural imposto àqueles que não têm acesso à educação escolar nas comunidades rurais.
Especificações
Autoria: Eva da Silva Alves