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O monstro mapinguari pan-amazonico - uma sucessão de adaptações aloindiginas

No seu conjunto, esses autores apresentam o Mapinguari constituído dos seguintes traços: besta horrenda, verdadeiro demônio do mal, sem utilidades nem vícios cuja satisfação determine aliança momentânea, homem agigantado, macacão enorme, espécie de orangotango, maior que um homem, com um único olho na testa [ciclope/arimaspo], peludo que nem um coatá ou como um porco espinho, com pelos de aço, que o recobriam como um manto, tornando-o invulnerável à bala, com exceção ao umbigo, de fome inextinguível, matador cruel e contumaz, antropófago e obstinado pela cabeça de suas víti-mas. Seus pés enormes eram como os de um burro [hipópode] e, em algumas versões, eram virados para trás [opistópodes] como os dos Matuicés, do Curupira e do Caapora. Cada um de seus passos era de três metros, suas mãos eram compridas e suas unhas em garra. Diferente, porém, de todos os monstros nordestinos, inclusive do Capelobo do Pará, o Mapinguari não andava durante a noite que era quando dormia. O perigo era de dia, o dia penumbra no meio da floresta, que coava a luz do Sol fazendo-a macia e tênue. Não avançava silencioso como seria preciso e lógico, mas vinha berrando alto, berros soltos curtos, atordoadores, apelos terríveis que podiam ser ouvidos de longe pelos homens. A posição de sua boca era anômala rasgada do nariz ao estômago, como um blêmio, num corte vertical cujos lábios rubros estavam sujos de sangue. E mesmo sendo uma personagem recente nas narrativas da região, reina na vastidão amazônica pelo prestígio invisível do medo.

Especificações

Autoria: Valdir Vegini; Rebeca Loize Vegini; Valdemar Ferreira Netto

Capa

Páginas:

ISBN:

Altura: 23cm

Largura: 15,5cm

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