Porto Velho: cultura, natureza e território
A cidade de Porto Velho, naqueles tempos, representava outra Rondônia longe das regiões de colonização, longe da suposta dinâmica regional. Era a “central de decisão”, uma cidade das instituições, de funcionários, das missões internacionais, que, às vezes, nem saiam da capital do Estado para conhecer a realidade nas áreas de ocupação recente. Neste sentido, Porto Velho, ao menos visto das regiões pulsatórias do interior rondoniense, era uma "ilha", uma cidade com história, ligada à construção da E.F.F.M. e, assim, às fases extrativistas da Amazônia, a cidade das elites políticas tradicionais, onde ainda era possível fazer, aos fins de semana, aquela excursão com o trem para a Cachoeira de Santo Antônio. Tempos passados!
Hoje, a situação é outra. As mudanças tomaram conta de Porto Velho não somente da cidade, como também dos seus entornos. Por um lado os "excedentes" populacionais das frentes pioneiras - ou melhor: os expropriados e expulsos em decorrência das transformações socioambientais já chegaram, faz tempo, nas partes setentrionais do Estado. Por outro lado “desenvolvimento" sob a forma dos megaempreendimentos das grandes hidrelétricas Santo Antônio e Jirau transformou a região e a cidade com todas as consequências contraditórias, como mostram algumas contribuições desta coletânea.
Contribuir para uma melhor compreensão dessas contradições e para o desenho de estratégias que lidem com os decorrentes desafios, me parecem ser funções importantes da pesquisa regional. Nesse sentido, esta coletânea exerce um papel importante.
Professor Martin Coy Institituto de Geografia
Universidade de Innsbruck, Áustria
Especificações
Organizador: Ricardo Gilson da Costa Silva